segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Vestindo o manto temporal


Hoje faltou um pouco de ontem
Com aquela sensação de querer retroceder ao dia
Hoje depois que aos trinta chegamos, toda a euforia se esvai...

Pareço caminhar cego, maneta a tudo que toco
Sem visão tudo é inesperado ao trombar e sem o tato e ser uma serpente no espaço.
Os perfumes que sinto, são apenas lembranças sem faces.

Não há sentimento mais estranho que esse, de viver dentro de um sonho não realizado
é como viver numa vila abandonada abraçando fantasmas que nos cantos observam aqueles que chegam. Não é tristeza, não é melancolia, pode ser frescurite, pode ser a insuportável descoberta de ver que conforme envelhecemos nos tornamos meio loucos, chatos, estranhos.
A solidão é a melhor escolha de enxergar o que há dentro de si.
Fazer uma faxina, passar um desfragmentador e desabilitar o que funciona sem utilização.
Onde as coisas ficam exatamente como deixamos; cada qual em seu qual...

Existe aquela luz da juventude, de sair da adolescência e de experimentar a liberdade para as coisas proibidas o que tanto ansiávamos e nos excitávamos só de imaginar tal coisa e outra.

De repente, uma estranha luz brilha e a filosofia nasce aos questionamentos da vida. As duvidas que as vezes como espirro prenuncia o resfriado...Morte...
As portas e janelas sempre estiveram abertas ao dia e fechadas nas noites frias.
Hoje parece que tanto faz, as portas e as janelas se movimentam amanhecendo e anoitecendo dia após dia... Não há ninguém lá, lá não mora ninguém, lá a poeira adora se encrustar, chamo-a de manto temporal que aquecem pensamentos e marcas de vidas deixadas e esquecidas...
Só o pó... cinzas quem falam delas?... E a minha triste sociedade ensina que só existe beleza, o puro, o santificado e quando me deparei com o feio, fez eu achar que a deformidade externa era uma doença, mas quantas belas formas são de deformidades internas...
Nos prendemos confortavelmente a nossa covardia de mexer na merda, mas se perfume houvera...

É tão lindo observar no ingrime cume o vento descolorir a ponta branca da montanha gélida
Observar os detalhes minúsculos quase invisível onde tudo é perfeito.
Dançar no silencio ao meio de um sus…piro.
Inventar uma canção imaginando um lugar à salvo isolado, especial.
Devorar sem engolir, tocar sem borrar adornos, desarrumar a maquiagem que peculiarmente fez-se a me chamar atenção.





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